Álcool e outras Drogas
Existe algum nível seguro para uso de álcool e outras drogas na adolescência?
O uso de álcool e outras drogas na infância e na adolescência é um grave fator de risco para o desenvolvimento de uma série de problemas físicos, mentais e sociais no futuro. Desta forma, não há nível de uso de álcool ou outras drogas que possa ser considerado seguro na adolescência. O uso dessas substâncias na adolescência pode promover alterações cerebrais permanentes que dificultam o controle das emoções e do comportamento, o que pode aumentar muito o risco de tornar-se dependente de substâncias no futuro. Além disso, há um risco muito aumentado de exposição à violência entre os jovens usuários de álcool e drogas.
Como já foi referido muitas vezes neste manual, o uso de álcool e drogas frequentemente é feito como resposta a alguma sensação de sofrimento, pois podem promover um alívio momentâneo de sensações desagradáveis. Porém isso acaba gerando um hábito de uso que pode impedir o aprendizado de outras formas de lidar com esses sentimentos, além de amplificar o risco de dependência.
O que podemos fazer para ajudar crianças e adolescentes com uso de álcool e outras drogas?
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Na escola, fatores como agressividade, falta de adaptação ao ambiente escolar, baixo desempenho, reprovações repetidas e bullying estão mais associados a uso de álcool e outras drogas, logo todas as ações que abordam esses fatores podem ser benéficas;
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Ter, no ambiente de sala-de-aula, regras de comportamento simples e fáceis de serem seguidas, e estimular que todos os alunos sigam essas regras;
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Desenvolver programas que estimulem o aprendizado de habilidades sociais e de regulação emocional;
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Reforçar o envolvimento com bons hábitos, como práticas esportivas e artísticas;
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Situações de uso confirmado devem ser notificadas aos pais ou responsáveis. Quando o uso já apresenta consequências perceptíveis, pode ser necessário também o encaminhamento à rede de saúde.
Que atitudes podem atrapalhar?
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Apenas fornecer informações sobre os efeitos das drogas, sem que isso esteja inserido num contexto amplo de intervenções em saúde. Isso pode até mesmo aumentar o uso.
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Mentir/exagerar sobre efeitos de drogas. Pode levar o adolescente a desacreditar todo o resto que lhe foi dito.
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Julgar o comportamento de uso, usar termos pejorativos (cachaçeiro, maconheiro, cheirador, etc), pois ao estigmatizar os usuários, podem desestimular que os mesmos procurem ajuda.
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Desvalorizar o uso, como se fosse simplesmente normal da adolescência. Esse tipo de atitude pode fazer o adolescente se sentir autorizado a usar livremente.
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É prejudicial introduzir os jovens ao uso de álcool em casa ("ensinar o adolescente a beber"), portanto não deve ser recomendado.